É necessário proteger a gancheira no transporte? Qual a melhor forma de fazê-lo?
Já ouvi histórias mirabolantes de como proteger a gancheira e o câmbio, mas até hoje ainda não presenciei ou ouvi alguém me falar diretamente: detonaram meu câmbio no bagageiro do avião. Sempre é o esquema do telefone sem fio, “ahh, me falaram que se não proteger quebra”. Nessa onda apareceram produtos específicos para essa proteção.
Primeiro é preciso separar as coisas. Câmbio de bicicleta de cicloturista deveria ser diferente de um de competição. Para viajar precisamos de resistência e não de precisão. Usar a ultima geração de transmissão, que custa no mínimo dois mil reais, para pedalar no máximo 15 km por hora beira a insanidade. Se está sobrando grana e quer esbanjar, tudo bem, mas fique ciente de que pode haver consequências: câmbio preciso é mais frágil.
E estou falando do câmbio primeiro porque este sim, sendo mais frágil, é quem pode sofrer com alguma pressão. Por outro lado, sendo um mais consistente, o problema é menor ou nulo. Basta ver as hastes que sustentam as polias. Nos câmbios de performance, são mais estreitas para eliminar peso. Para esse tipo de câmbio, sim, há registros de competidores que esbarram com eles em pedras e ficam pelo caminho. Nesse caso, o peso de outra bagagem colocada por cima ou a “delicadeza” dos carregadores podem provocar danos.
Quanto à gancheira, ela é removível justamente para permitir uma substituição em caso de acidentes. Antigamente quando algo acontecia com essa ponteira, perdia-se o quadro. A solução encontrada foi a separação. Se tivesse sido a proteção, ela ainda estaria fixa ao quadro.
Como proteger
A melhor maneira de proteger o câmbio e a gancheira é aliviar a pressão sobre eles. Como você não vai poder acompanhar a bike até o compartimento de bagagem para deixar a sua por cima, o melhor é mandar o pacote com nenhuma chance de algo pressionar sobre o câmbio e acabar entortando da gancheira.
Você pode fazer esse alívio em dois níveis: tirar a roda traseira para que a corrente afrouxe e, com isso, fazer o câmbio ficar encolhido. Ou desparafusar o câmbio da gancheira.
Como o câmbio trabalha solto, mesmo que você o retire, sem mexer no cabo ele não vai desregular. Se quiser, pode usar um pedaço de pano para amarrá-lo no quadro pelo lado de dentro. O parafuso de fixação é integrado ao câmbio e basta uma chave allen para remover e recolocar.
Quanto à gancheira, ela sozinha dificilmente será afetada. E tirá-la pode até afetar o alinhamento. É melhor não mexer. Até porque, em viagem, você tem por obrigação ter uma peça de reposição. Custa pouco e pesa quase nada. Se houver algum problema é só trocar.
Essa é a melhor solução para proteger gancheiras e câmbios traseiros. Você não precisa gastar nada a mais, não precisa levar nada a mais do que o obrigatório e não tem dramas. Já ouvi relatos de gente que foi fazer cicloturismo no Jalapão com uma super bike e, com medo de ter problemas, levou um câmbio extra. O sujeito gasta o dobro do que precisa num câmbio por ele ser mais leve e aí leva dois na viagem. Simplesmente não dá pra entender. No ciclotuirsmo, a simplicidade é a melhor arma para evitar perrengues sérios.